As 20 autoescolas de Florianópolis têm sentido o impacto da suspensão das atividades do Detran. Procon deu prazo de cinco dias para explicações
As 20 autoescolas de Florianópolis têm sentido o impacto da suspensão das atividades do Detran. Principal elo entre o motorista e o órgão, os CFCs (Centros de Formação de Condutores) estão sem poder oferecer seus serviços aos clientes, seja motorista habilitado ou candidato à CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
“Estamos trabalhando com a demanda que tínhamos antes da pandemia. Mas pouco podemos fazer para atrair novos clientes”, disse Roberto Pereira, que é dono de uma autoescola no Centro há quase 40 anos.
Recentemente aos aulas remotas foram autorizadas e a autoescola tem oferecido o curso teórico, mas não pode ir além disso porque os exames no Detran estão suspensos.
“Não é possível renovar CNH, mudar de categoria, nada. Não fechamos a escola porque tínhamos reserva, mas tem muitas empresas que vão fechar as portas”, comentou.
O proprietário de uma autoescola em Capoeiras contou que também está passando por dificuldade e que pelo menos 300 alunos do CFC de sua propriedade aguardam os exames.
Segundo Ricardo Fernando Alves da Silva, os donos de CFCs da Capital tentam uma audiência com a diretora do Detran para sugerir que o órgão adote a aplicação de exames nas próprias autoescolas, como têm feito os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. “Estamos tentando uma solução e queremos apresentar essa possibilidade, mas ainda não conseguimos”, disse.
Usuários reclamam
A falta de informação e a dificuldade em conseguir pelo menos falar com algum funcionário têm gerado muitas reclamações nas redes sociais. Os usuários reclamam de estarem cheios de dúvidas sobre os serviços do Detran e não terem a quem recorrer.
É o caso de Rosilene Dias Machado que tenta, sem sucesso, obter alguma resposta. “Tá difícil conseguir qualquer atendimento pelo Detran, já tentei por telefone, site e aplicativo. E não consigo nem que alguém me atenda para agendar atendimento”, comentou.
O mesmo tem ocorrido com a filha de Janice Maria Pires que tenta há cerca de dois meses obter um atendimento. “Uma bagunça organizada”, reclamou.
Por conta da suspensão do atendimento presencial, também não está havendo agendamento para atendimento. Há somente serviços online.
Quem não tem habilidade com o digital pode recorrer aos serviços de despachantes, que continuam trabalhando. Segundo o presidente da Adotesc (Associação dos Despachantes Oficiais de Trânsito de Santa Catarina), Osnildo Osmar Silveira, os serviços de transferência e emplacamento de veículos representa mais de 75% das operações feitas pelos despachantes no Estado. A comodidade e a segurança são os atrativos.
Apesar de a suspensão do atendimento parecer vantajosa para a classe, Silveira afirma que as 1.250 empresas de despachantes catarinenses também foram afetadas pela pandemia. “O cliente opta ao que é mais importante naquele momento e, às vezes, o documento do veículo fica para depois”, observou.
Procon dá prazo para explicações
O Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) de Florianópolis notificou o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de Santa Catarina para que apresente um plano de atendimento aos usuários do serviço na Capital.
A notificação foi entregue ao Detran na sexta-feira (28) e o departamento tem cinco dias úteis para responder ao Procon. O programa solicitou que o órgão esclareça sobre a atual forma de atendimento aos consumidores e para que apresente um plano de ação de atendimento durante a pandemia.
Fonte: ND+ | Escrito por: Redação ND | Foto: Flavio Tin/Arquivo/ND